13.7.09

Purgatório

Ele tinha morrido. Como não ter morrido? Ninguém vivo poderia sentir tanta dor de cabeça. Se sentisse, morreria. E estando morto, não sentiria mais nada. Então, porque raios a cabeça dele ainda doía tanto?!O purgatório. Era lá que ele devia estar. Certamente não iria para o céu, mas não se lembrava de nada que o levasse diretamente para o inferno. Se bem que ele gostaria de ir pro inferno. Kurt Cobain não estaria no paraíso, for sure. Mas quem disse que o inferno não era o paraíso? Essas coisas de tortura devem ser só intriga da concorrencia.A cabeça ainda doía. E agora que ele pensava, doía ainda mais. Doía tanto que ele começou a ver coisas. Ah! , se lembrou. Não estava no purgatório, ele não acreditava em Deus, no Demonio ou em vida após a morte. Acreditava em Kurt Cobain. Não devia estar no purgatório, ele estava era em coma. Mas e se o coma fosse parte do seu julgamento? Ele não acreditava em purgatório, devia ser só uma coma mesmo.Mentira. Agora ele se lembrava de tudo. Era só mais uma ressaca na manhã de segunda-feira.

2 comentários:

Gárgola disse...

Genial, gostei muito. Acho que você deveria explorar mais esta sua capacidade de escrever estes mini contos, é um gênero literário difícil e você consegue combinar e ligar as qualidades necessárias: o tema, concisão e um final inesperado. Enquanto isto...esperamos notícias de Íris ;)

Beijos

esdras disse...

Grande fase Alice!
Este Purgatório é vinho das melhores safras!
bjo!!