9.12.09

Desapegada

O sótão: era escuro, úmido e com um pouco de mofo pelos cantos. Nas paredes, alguns desenhos infantis feitos com crayon. Era quase grande, cabiam quinze pessoas grandes, com conforto. Perto da escada tinham algumas caixas que se acumulavam com o tempo, guardando memorias de uma época em que eu ainda era feliz. Elas formavam uma parede de papelão que te impediam de ver o final do comodo, e, caso você quisesse vê-lo, teria de empurra-las até achar espaço para andar. Pois era o final dele que realmente importava. No chão, perto de uma pequena janela redonda, ficava Mesyne, enrolada em seus trapos negros esperando pela próxima visita. Ela tinha cabelos ruivos e olhos verdes, sempre com a mesma aparência jovial. Minha amiga.

Levantei cedo, antes mesmo do despertador tocar. A casa silenciosa e mesmo assim cheia de ruídos. Parecia que as paredes andavam falando de mim. Como se tivessem algo novo pra falar. Adoraria que me contassem alguma coisa.
A janela aberta mostrava uma manhã devagar, com o ar parado e frio. Nenhum passarinho cantando. Nada se mexendo. Menos eu. Fazendo o café, tirando um cigarro da bolsa. Saudável? Talvez, mas estamos em tempos difíceis. Tento me virar.
Jornal na mão, xícara fumegante à frente. O que fazer hoje? Toc, toc, toc. Tamborilo os dedos na mesa. Pego outro cigarro.

Odeio férias.

3 comentários:

Nina disse...

Muito interessante,adoro seus textos:D

Giovanna disse...

férias me deixam com tédio, não vejo a hora desse ano terminar logo, assim eu tenho algo para fazer, pelo menos por um tempo

Georgia disse...

perfect'