17.7.09

Perdido

“Eu perdi. Como assim o que eu perdi? O jardim não é, pois olhei pela janela hoje de manha e lá estava ele... O ar, o ar! Será que perdi meu ar? Não consigo vê-lo! Ah, claro, não da pra perder o ar, me desculpa. Mas sei que perdi algo. Vamos, me ajude. A casa também não perdi. Pintei ela de roxo semana passada. É a única casa roxa no bloco. Todos os moveis também estão lá dentro...Os sapatos! Não estão no meu armário. Ah, droga, perdi meus sapatos. O que vou fazer sem eles...Pare de me interromper! O que foi dessa vez? Ah sim, os sapatos estão no meu pé, obrigado. O que perdi então? A namorada? Não, já faz mais de ano que não a vejo. Saiu para comprar meu maço de cigarro e nunca mais voltou. Já sei, perdi me cigarro! Mas isso não é tão importante. Vamos, me deixe dar um trago. E quero um copo de Whisky. Tem um Johnny Walker no armário, dos bons, pode pegar. Como não tem? Tem que ter! Eu perdi meu Whisky? E o danado era caro... se bem que não, acho que ele acabou mesmo. Porque está indo embora moça, ainda não achei o que eu perdi! Espere um momento... achei sim. Achei a minha vida.”

No dia seguinte, Seu Zé fumou charuto molhado no melhor whisky, arrumou vinte novas namoradas e cuidou de seu jardim. Vendeu a casa e comprou uma maior. Achou a vida que tinha perdido. E logo depois, por falta de graça, depressão ou até mesmo uma embriaguez, trocou a vida pela morte.

“Valia mais a pena”

Um comentário:

Ana Marta disse...

euuu li, juro que li. adorei, só achei ela meio emo. te amo ana